“Cheguei de propósito aos 261 quilos por medo de ser estuprada de novo”
Roxane Gay nasceu em 28 de outubro de 1974 em Nebraska nos EUA. Hoje ela é escritora, professora, editora e comentarista. É autora da coleção de ensaios best-sellers do The New York Times, Bad Feminist (2014), bem como a coleção de contos Ayiti (2011), o romance An Untamed State (2014), o conto coleção Difficult Women (2017), e o livro de memórias Hunger (2017).
No entanto, para chegar onde chegou, Roxane Gay precisou lutar veemente contra a sórdida lembrança de uma pré-adolescência massacrada por um estupro coletivo.
“Na minha história de violência houve um rapaz. Eu o amava. Ele se chamava Christopher. Na realidade, ele não se chamava assim, mas eu não preciso lhes dizer isso. Christopher e vários amigos me estupraram no bosque, em uma cabana de caça abandonada, onde ninguém, a não ser aqueles rapazes, podiam escutar os meus gritos”.Roxane Gay
Roxane Gay e a comida como defesa diante do estupro
O trauma sofrido, na realidade, jamais poderá ser superado completamente. Quem já sofreu abuso sexual e/ou violência doméstica sabe disso muito bem. É como perder todos os dentes, você sabe que não morrerá por isso, mas nunca mais conseguirá sorrir com confiança. No caso de Roxane, o medo de sofrer de novo um estupro a levou a desejar ser “repulsiva” (palavras dela mesma) a fim de não correr risco à violência sexual. Então ela passou a utilizar a comida como cura para as feridas da sua alma. Ela escolheu comer para se anular diante do mundo. A comida se transformou em sua muralha e o sobrepeso como se fosse placas de advertência de em torno de si. Quanto mais comia, mais segura se sentia.